A historia da lingua portuguesa é historia da evolucao da lingua
portuguesa desde a sua origem no noroeste da peninsula iberica ate ao presente,
como lingua oficial falada em portugal e em varios paises de expressao
portuguesa.
1.
Do
indo-europeu ao portugues moderno
O
indo-europeu é uma familia composta por diversas centenas de linguas e
dialectos, que inclui as principais linguas
da Europa. Espalhou-se por vastas regioes da Asia e por quase toda a
Europa.
2.
O latim vulgar
O
latim era a língua falada pelos romanos, povo de camponeses e pastores que se
instalou no Lácio, um dos ramos do indo-europeu.
No latim distinguiam-se,
naturalmente, variantes que coexistem: o latim
vulgar, língua essencialmente falada pelo povo com variedades regionais e
socioculturais, e o latim erudito,
usado pelos escritores e falado nos discursos.
Com o decorrer do tempo, os
Romanos dominaram vastas regioes. Chegaram a regiao onde se situa Portugal no
final do seculo 3, antes de cristo, e ai permaneceram 600 anos.
O Latim vulgar, levado pelos
soldados, comerciantes e colonos, sobrepos-se ás linguas dos povos dominados.
Foi esta lingua oral, transformada lentamente em contacto com as já existentes em
cada regiao, que deu origem ás linguas
romanicas ou novilatinas:
portugues, galego, castelhano, catalao, frances, provensal, italiano, sardo,
reto-romance e romeno.
1.2. Estrato,
substrato e suprestrato
Estrato
O
latim é o estrato do portugues, a base a partir da qual a lingua evoluiu ate á
criacao do portugues. É em relacao ao latim que se consideram os substratos e
os superstratos.
Substratos
São
as linguas nativas que desapareceram por contacto com uma lingua invasora, mas
que, tendo sido substituidos por outra lingua, deixaram nesta diversas
influencias. Em relacao ao Portugues, é o caso dos substratos celtas; dos
substratos ibericos e dos substratos fenicios.
Superstratos
São
os idiomas dos povos invasores (posteriores ao romanos) que influenciaram a
lingua-base existente, sem, no entanto, a suplantarem. No caso do Portugues,
trata-se dos superstratos germanicos, suevos e visigodos e dos superstratos
árabes.
1.3.
variacao historica do portugues: portugues antigo/arcaico, classico e
contemporaneo
Portugues
antigo ou arcaico (seculos XII-XV)
Quando
portugal nasceu como nação, em 1143 falava-se uma lingua que já se tinha
afastado do latim-é o galaico-portugues registado na poesia trovadoresca.
No seculo XV, a lingua portuguesa
tornou-se autonoma em relação ao galego.
Portugues
classico (seculos XVI-XVIII).
No
Renascimento foram introduzidas na lingua muitos latinisnos e helenismos e
tambem termos de linguas faladas pelos povos com que os portugueses
contactaram.
Portugues
contemporaneo (a partir do sec. XIX)
A partir do seculo XIX, verifica-se
a modernizacao progressiva da lingua ate aos nossos dias. A lingua tornou-se
receptiva a influencias do frances e principalmente do ingles.
2.Transformações
2.1. Evolução fonética
Ao longo dos seculos, na evolucao
do latim para o portugues, verificaram-se diversas alteracoes fonologicas, isto
é, a nivel dos sons das palavras.
Fenomeno
Exemplo
Queda
(supressão de fonemas)
(a)tonito > tonto
O(p) > obra
Cathedra(m) > cátedra
Adição
(acrescentamento de fonemas)
Spiritu > espritu
Scribere > escrever
Tirare > atirar
Permuta
(mudança de fonemas)
Semper > sempre
Ipsu > isso
Clamera > chamar
2.2 Evolução semântica
Para alem da evolucao fonética, há fenomenos
de evolucao do significado das palavras (evolucao semantica). Neste caso,
verifica-se a atribuicao de um novo sentido ás palavras já existentes.
Vocábulo
|
Significado na origem
|
Significado actual
|
Caderno
|
Folha de papel dobrada em quatro (quaternum)
|
Qualquer porcao de folhas de
formato livre
|
Fogo
|
Lar onde se acendia o lume
|
O proprio lume
|
ministro
|
O que serve, o que ajuda
|
Funcao politica
|
calamidade
|
Cana de trigo ou de outro cereal
|
Flagelo que provoca a perda das
colheitas; qualquer desgraça
|
Alargamento do léxico
Para designar costumes, animais,
plantas, objectos, caracteristicas de regioes desconhecidas houve necessidade
de introduzir novos termos:
- Africa –
macaco, cachimbo, missanga;
- Asia –
canja, chá, leque, jangada;
- America –
ananás, amendoim, cacau, tomate, canoa.
3. O português de África
Na area vastissima e descontinua em
que é falado, o portugues apresenta-se, como qualquer lingua viva, internamente deferenciado em variedades
que divergem de forma mais ou menos acentuada quanto a pronuncia, á
gramatica e ao vocabulario.
Embora
seja inegavel a existencia de tal diferenciacao, esta não é suficiente para
impedir a comunicacao entre falantes.
Em
alguns casos, o contacto entre os falantes de portugues e as diferentes
populacaoe, ao longo dos seculos, deu origem aos criolos. É o caso dos crioulos
de Cabo-Verde e da Guiné.
3.1. O português de Moçambique
Citando perpetua Gonçalves na sua
intervenção nas jornadas de lingua portiguesa, em Mocambique nos primeiros anos
que se seguiram á independencia, a questao da nativação do portugues recebeu uma atencao particular por parte das
autoridades oficiais que pareciam
nacessitar de nacionalizar esta
lingua, a fim de a poder usar como instrumento politico na construcao a unidade
nacional…. Compreender essa transformacao do portugues significa admitir que o
portugues falando em Mocambique se venha a transformar na sua estrutura, no seu
lexico, na sua pronuncia, no seu ritmo, na sua musicalidade.
Características do português de Moçambique
As
diferencas entre o portugues europeu e o portugues falado em Mocambique são já
bastantes. Vamos apontar algumas.
Pronuncia
Em
muitos aspectos fonologicos, o portugues de Mocambique assemelha-se ao
portugues falado no Brasil. É o que acontece, por exemplo, no final das
palavras terminadas em e (que passa para i):
Exemplo:
Que (pronuncia-se ki)
Para alem disso, destaca-se:
- a supressao das vogais não acentuadas:
amamos/ amámos;
- a nasalizacao de vogais: exame
(enzame), até (anté).
Léxico
Surgem
neologismos destinados a fazer referencia a realidades locais, a nivel da fauna
a da flora, anivel religioso e cultural.
Exemplos:
Matapa - molho tradicional feito de folhas
de mandioca
Lobolo - corresponde ao dote
Babalaza - ressaca
Arrumário ( em vez de armário)
Areinoso ( em ves de arenoso)
Mobiliar ( em vez de mobiliar)
Chima – papa de milho
Semântica
Exemplos:
Estruturas
– responsáveis do governo ( chegaram as estruturas.)
Calamidades
– roupa em segunda mão
Pasta
– mala, saco de mão
Situação
– problema
Crise
– guerra
Morfossintaxe
Exemplos
de desvios morfossintácticos:
Os
alunos propuseram fazerem o trabalho em dois dias. (fazer)
Jovem
universitário, procure o teu lugar ( procura o teu/procure o seu)
Resumo
Em todos os aspectos – fonética, morfológica, léxico e sintaxe – a língua portuguesa é
essencialmente o resultado de uma evolução orgânica do latim vulgar trazido por colonos romanos no século III a.c. , com influencias menores de
outros idiomas e com um marado substrato céltico. O português arcaico
desenvolveu-se no século V d.c. , após a queda do império romano e
as invasões germânicas, ditas bárbaras, como um dialecto românico o chamado galego português, que se diferenciou de
outras línguas românicas ibéricas. Usados em documentos escritos desde o século IX, o galego-português tornou-se uma língua madura no século 13, com uma rica
literatura. Em 1290 foi decretado língua oficial do reino de portugal pelo rei D. Dinis L. O salto para português moderno deu-se no renascimento, sendo o cancioneiro
Geral de Garcia de Resende (1516) considerado o marco. A normatização da língua
foi iniciada em 1536, com a criação das primeiras gramáticas, por fernão de
Oliveira e João de Barros.
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