Políticas Activas de Emprego


Introdução
Neste presente trabalho da cadeira de Economia Laboral, propomo-nos a falar sobre as Políticas Activas de Emprego. O discurso sobre as políticas activas de emprego surge de mão dadas com o novo problema social desde os finais do século XX, pois, se tem vindo a agravar o desemprego, em especial o de longa duração. O aumento das taxas de desemprego existentes no mercado de trabalho constitui alguns dos problemas económicos e sociais mais graves da actualidade. Esta observação leva a necessidade de conhecer as políticas implementadas ao nível do emprego.
O presente trabalho assume extrema importância na medida em que aborda um assunto que tem se tornado foco de inúmeros debates na actualidade, a questão do desemprego e possíveis formas de superá-lo. Essas formas ajudam a diminuir consideravelmente o período pelo qual o indivíduo ficará desempregado, podendo, até, arranjar mecanismos para a criação de postos de trabalho e consequentemente a diminuição da taxa de desemprego.
Objectivo geral
Avaliar como as políticas activas do emprego contribuem para o combate ao desemprego.
Objectivos específicos
·         Definir políticas activas do mercado de trabalho e de emprego;
·         Indicar a importância das políticas activas de emprego para a diminuição das taxas de desemprego;
·         Identificar que estratégias foram adoptadas por Moçambique como politicas activas do emprego.

Metodologias
Para a realização do presente trabalho foram utilizadas as seguintes metodologias:
·         A revisão bibliográfica;
·         A interacção entre os diversos membros do grupo.
1.      Políticas de emprego
Antes de abordarmos as políticas activas de emprego é necessário falar sobre alguns conceitos que ajudar-nos-ão a desmistificar as mesmas:
Política – é uma actividade orientada ideologicamente para a tomada de decisões de um grupo para alcançar determinados objectivo.
Emprego – é a relação entre homens que vendem a força de trabalho em troca de um valor ou remuneração e homens que compram a sua força de trabalho pagando salário. É uma espécie de contrato estável, no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho dos outros.
As políticas de emprego representam uma visão e um quadro concentrado e coerente ligando todas as intervenções na área do emprego e todos os grupos de interesse num determinado país.

1.1.Políticas activas do emprego
Entende-se por políticas activas de emprego todas as políticas que têm por objectivo dotar os desempregados com as qualificações necessárias para minimizar a duração do desemprego, ou seja, são o conjunto de políticas que visam promover a transição mais rápida e eficiente do desemprego para o emprego, através da adequação das características da população activa às necessidades da procura por parte das empresas e do aumento da eficiência com que os trabalhadores procuram novos empregos, garantindo que os postos de trabalho existentes se tornem acessíveis para quem os procura e que o stock de forca de trabalho seja adequado às necessidades da economia e englobem uma série de acções que tendem a reduzir o nível do desemprego. Estas têm de estar centradas na resposta aos problemas dos desempregados, e vocacionadas para favorecer ao patronato mão-de-obra cada vez mais qualificada.
As políticas activas de emprego propõem-se a reintegrar os desempregados no mercado de trabalho, conseguindo, dessa maneira, um aumento do estado de bem-estar, ou levar ao investimento em capital humano. Estas políticas também se propõem a manter o mercado ajustado, no que concerne à oferta e procura de vagas de trabalho e, por outro lado, incentivar os beneficiários de subsídio de desemprego a procurarem activamente trabalho (BOONE & OURS, 2004).
As políticas activas de emprego caracterizam-se pela assistência na procura activa de emprego, subsídios e incentivos à contratação de desempregados, bem como, pelo investimento em formação profissional. Tais medidas têm como finalidade dotar as pessoas de mais competências e, consequentemente, de maior capital humano (Heckmanetal., 1999), para além de ajudar as pessoas a integrar e/ou reintegrar o mercado de trabalho, bem como mobilidade entre empregos (DIAS & VAREJÃO, 2012).
É ainda de salientar que as políticas activas de emprego têm como objectivo dotar as pessoas de competências, para dar resposta aos desafios da globalização (desafios que requerem uma constante actualização de competências, bem como uma maior mobilidade) e aumentar a capacidade de trabalho e adaptabilidade dos que trabalham (DAGUERRE & ETHERINGTON, 2009).
Para o combate ao desemprego jovem, as medidas activas mais usadas são os estágios profissionais, os apoios à contratação e formações orientadas à procura de trabalho, em particular a formação dual. Para os desempregados de longa duração, a formação assume elevada prioridade, no sentido de uma melhor adaptação às novas profissões e às ofertas actuais e previsíveis. Também apoios específicos ao emprego são utilizados para este último grupo, em especial, para desempregados com particulares dificuldades de inserção.
No processo de criação e destruição de emprego, as políticas activas de emprego desempenham, desta forma, um papel central para o adequado funcionamento do mercado de trabalho, contribuindo para a redução da perda de capital humano que está associada ao desemprego, que tem tendência a acentuar-se com o aumento da duração do desemprego. O papel das políticas activas, ao alargar o conjunto de oportunidades de emprego aos desempregados, permite o ajustamento das suas características produtivas, em particular, através da formação, às novas exigências do mercado de trabalho, ou, simplesmente, quando não se torna necessário, melhorando os mecanismos que põem em contacto os potenciais empregadores e os desempregados. Neste sentido, a sua utilização de forma criteriosa e com selectividade, orientada a grupos-alvo bem definidos, constituem um importante instrumento para melhorar o funcionamento do mercado de trabalho.
Considera-se que a implementação das políticas activas se justifica por razões de equidade e de eficiência, equidade porque supostamente estas políticas assumem uma função redistributiva ao servirem os indivíduos que se encontram numa situação de desemprego de longa duração, por outro lado por razões de eficiência ao eliminarem ou atenuarem os efeitos supostos decorrentes de imposições que impedem os mercados de trabalho de funcionarem de acordo com os mecanismos da concorrência perfeita. Também deste ponto de vista as políticas activas de emprego podem ter pontos positivos nos períodos de desemprego mais elevado e podem manter o volume da força de trabalho.
No âmbito das políticas activas de emprego têm-se destacado acções de formação profissional e de requalificação que incluem um vasto leque de qualificações transversais à várias actividades económicas e que visam proporcionar aos indivíduos desempregados uma melhoria das suas capacidades produtivas. (MARGARIDA, 2011)
Para Margarida(2011), as políticas activas ajudam a promover a inserção e inclusão de todos na sociedade e no mercado de trabalho, permitindo ao Estado uma diminuição dos encargos/gastos sociais.

1.2.Composição das políticas activas de emprego
Estas políticas incidem principalmente na formação, subsídios para a criação de emprego e actuação dos serviços públicos de emprego, no apoio à procura de emprego, mas incluem também todas as outras formas de intervenção que directamente promovem o emprego. Em parte, são um complemento às políticas passivas, mitigando os efeitos indesejáveis do prolongamento do desemprego que estas geram. Apesar da sua diversidade é possível identificar quatro tipos principais de políticas activas do mercado de trabalho:

Serviços públicos de emprego
Compreende ao conjunto de medidas de apoio à procura de emprego. Estas unidades governamentais prestam sobretudo serviços de assistência na procura de emprego, podendo ir do simples disponibilizar de chamadas grátis para contactar as empresas que listaram empregos, passando pela ajuda na elaboração de currículos, estratégias personalizadas de procura de emprego e definição de formação adequada a cada desempregado.
Em Portugal, um instrumento fundamental na intervenção dos Centros de Emprego é a constituição, conjuntamente com o desempregado, de um Plano Pessoal de Emprego, que tem como objectivo definir e estruturar as acções que visam a sua integração no mercado de trabalho.

Formação profissional
Inclui a formação geral e específica disponibilizada dentro ou fora da empresa. A formação é na maior parte das vezes efectuada para indivíduos que à partida já tinham uma maior propensão para a aprendizagem ou que são seleccionados pelas empresas por serem os seus melhores trabalhadores. Desta forma, os beneficiários da formação poderão estar entre os menos susceptíveis de experimentar situações difíceis de desemprego, o que limita o seu impacto.

Medidas de emprego para os jovens
Estes programas destinam-se a preencher as lacunas de uma educação formal incompleta, mas pouco se distinguem da formação em geral, podendo ser vistos com uma alternativa à educação em sala de aula. Os aprendizes são o exemplo mais comum. Estas medidas acabam assim por funcionar como uma forma de subsidiar a criação de emprego.

Subsídio ao emprego
São transferências de dinheiro público para garantir a contratação de determinados grupos de indivíduos julgados em desvantagem no mercado de trabalho. Podem tomar diferentes formas: redução na componente fiscal (menores contribuições sociais), emprego público de carácter temporário ou subsídios à criação de emprego próprio, como também podem assumir a forma de: intermediação, apoio aos micro e pequenos empreendimentos, contratação de uma população alvo.
A principal referência teórica das políticas activas de emprego é o modelo neoclássico de mercado de trabalho. De acordo com este, a relação salarial é estudada como uma relação de troca, o mercado de trabalho é considerado um mercado de produtos em concorrência perfeita e o factor trabalho adquire um estatuto semelhante ao de uma qualquer mercadoria, sem qualquer dimensão social ou humana. A situação de pleno emprego é sempre atingida dados os mecanismos automáticos subjacentes e o desemprego existente é voluntário, porque se considera que os trabalhadores só ficam desempregados por não aceitarem trabalhar em determinadas condições.

1.3.Importância das políticas activas de emprego
Importa referir que a quando da perda de emprego por um funcionário, ocorre em simultâneo ou em paralelo a perda do capital intelectual (conhecimentos, habilidades e atitudes), ou seja, tornam-se obsoletos devido à falta de aplicação ou utilização dos mesmos, e, essa situação acaba acentuando a duração do desemprego, na medida em que as pessoas terão que se profissionalizar novamente para revitalizar ou agregarem novas competências. Aspolíticas activas de emprego também mostram-se fundamentais, pois, estas podem alargar o conjunto de oportunidades de emprego dos desempregados, permitindo que eles ajustem as suas características produtivas, por exemplo através da formação, às novas exigências do mercado de trabalho, ou simplesmente melhorando os mecanismos que põem em contacto os potenciais empregadores e os desempregados.
Alguns países, por exemplo Portugal, acreditam que mesmo nas políticas activas, existem políticas que pouco ajudam na mitigação do desemprego, estas são consideradas políticas indirectas, como por exemplo, a formação profissional, visto que o facto de uma determinada pessoa ter a oportunidade de passar por uma formação profissional não garante o facto de que esta conseguirá um emprego, acabando por optar em políticas directas, ou seja, políticas que possibilitam a criação de emprego. As políticas indirectas ajudam na transição para um emprego, mas para tal é necessário que existam postos de trabalho, por isso, alguns países optam pela diminuição ou eliminação dessas políticas.

1.4  Políticas activas de emprego em Moçambique
O desemprego, a proliferação da precariedade e da flexibilidade nas relações laborais colocam desafios ao papel do Estado, como instituição de cobertura dos indivíduos face aos riscos sociais. O Estado assume um novo papel, delegando responsabilidades a entidades privadas e/ou nos próprios indivíduos.
Em Moçambique, a medição do emprego quantifica as pessoas, num intervalo definido de idades (15 anos aos 60 anos de idade para as mulheres e 65 anos de idade para os homens), que trabalharam mediante remuneração (incluídos negócios, compensações e remunerações em espécie) durante um dado período de referência; ou que estavam temporariamente ausentes do trabalho por motivos específicos como a doença, a maternidade, a licença parental, as férias, a formação ou o conflito laboral.

Política de emprego
A presente Política de Emprego, reafirma os esforços de redução da pobreza através da implementação de medidas estratégicas que capacitem as pessoas a tornarem-se cidadãos plenos, produtivos e membros da economia de mercado por direito, devendo ser considerada um instrumento de orientação, para as estratégias e instrumentos políticos disponíveis a nível sectorial com vista a influenciar significativamente a dinâmica de criação de emprego no país. A operacionalização desta política será feita no âmbito do Sistema Nacional de Planificação, através do Cenário Fiscal de Médio Prazo, do Plano Económico e Social e do Orçamento do Estado. (VERSÃO FINAL DA POLÍTICA DE EMPREGO, 2016)

1.4.1.1.Responsabilidade dos Principais Actores
Governo
  • Ø  Promover um ambiente de paz e estabilidade política e social propício para o trabalho produtivo;
  • Ø  Regular e assegurar a implementação de leis e de regulamentos sobre o trabalho, incluindo o uso de mão-de-obra estrangeira, garantindo a transferência de conhecimento e know-howpara os trabalhadores moçambicanos;
  • Ø  Garantir a concertação intersectorial na implementação da Política de Emprego, criando mecanismos indispensáveis, a todos os níveis (nacional, provincial e local), sempre que necessários;
  • Ø  Melhorar o ambiente de negócios visando a atracção de investidores;
  • Ø  Assegurar a prestação de contas da implementação da política de emprego;
  • Ø  Promover valores e atitudes, de integridade, ética e de bem servir.

Empregadores
  • Ø  Liderar o processo da criação das empresas sustentáveis que assegurem a criação de mais e melhores oportunidade de emprego para os moçambicanos;
  • Ø  Impulsionar o empresariado a aumentar a produção, a produtividade, competitividade e a renda para criar mais empregos;
  • Ø  Incentivar a Responsabilidade social e corporativa.
  • Ø  Criar ambiente favorável para o diálogo social ao nível das empresas e dos sectores de actividade de modo a contribuir para a paz laboral;
  • Ø  Investir na formação profissional com vista a elevar os conhecimentos, as habilidades e as competências dos trabalhadores;
  • Ø  Promover valores e atitudes, de integridade, ética e de bem servir.

Sindicatos
  • Ø  Promover o associativismo responsável, de forma a facilitar o diálogo social no trabalho;
  • Ø  Galvanizar o diálogo social a todos os níveis, com vista a assegurar os interesses dos trabalhadores e dos empregadores, garantindo a paz e a estabilidade laboral;
  • Ø  Aprimorar os mecanismos de funcionamento dos sindicatos, desenvolvendo acções de promoção de cultura do trabalho no seio dos trabalhadores;
  • Ø  Promover valores e atitudes, de integridade, ética e de bem servir.
Estratégia do Emprego e Formação Profissional
A Estratégia de Emprego e Formação Profissional é o conjunto de técnicas que tem como propósito materializar as políticas do Governo da República de Moçambique, em matéria de emprego consubstanciadas nas aspirações dos cidadãos, das organizações representativas dos empregadores, dos trabalhadores e da sociedade civil. Esta tem como principal objectivo promover o crescimento do emprego a curto e médio prazo de modo a propiciar o crescimento e desenvolvimento de uma economia pró-emprego (auto-emprego) ou emprego próprio. Ela tem como principais componentes: (i) a promoção do aumento da procura da força de trabalho; (ii) o fortalecimento da empregabilidade da força de trabalho, e, (iii) a melhoria do quadro regulador para o desenvolvimento do sector privado.
Esta estratégia tem carácter multissectorial, pois, prevê uma acção consertada entre as diferentes instituições do Estado, parceiros sociais e sociedade civil que directa ou indirectamente contribuem para a promoção do emprego.  
Conclusão
Ao fim do presente trabalho, concluímos que as políticas activasde empregovisam eliminar os problemas de acesso ao emprego e ao mercado de trabalho de modo a eliminar os desajustamentos entre a oferta e a procura de emprego, atravésde medidas de requalificação profissional e de melhoria de competências. Estas podem, também, ajudar a direccionar as pessoas para as áreas em que existe escassez de mão-de-obra qualificada, contribuindo para fazer face a alterações estruturais e aumentar a resiliência da economia em tempos de mudança, disponibilização de instrumentos adequados que possibilitem aos trabalhadores uma melhor capacidade de resposta às necessidades das empresas, facilitando, assim, a redução rápida do desemprego.
É exigido aos trabalhadores pelas empresas mais competências, isso com vista as responder as tendências e dinâmicas do mercado. Empresas que pretendem ser competitivas devem apostar nesse aspecto. De salientar que a eficácia das políticas activas de emprego depende crucialmente da oferta de emprego, oferta essa que deve ser qualificada.
Por outro lado as políticas activas de emprego mostram-se como um imperativo nas sociedades de hoje, quer para aliviar os encargos do Estado (já que diminuem o grau de dependência dos subsidiados), quer para promover a inclusão de todos na sociedade e no mercado de trabalho. São um importante instrumento de política que procura promover a transição do desemprego para o emprego através de várias medidas (formação profissional, rotatividade e partilha no emprego, criação directa de emprego, apoio à criação de empresas, entre outras).

Referências bibliográficas
Antunes, Margarida (2011). A Economia Social e o Modelo Económico Europeu: O Caso do Mercado de Trabalho, Coimbra, FEUC/CECES.
Boone, J., & Ours, J. (2004).“Effective Ative Labor Market Policies”.[Discussion Paper nº 1335], IZA.
Daguerre, A., &Etherington, D. (2009). “Active labour market policies in international context: what works best?” Lessons for the UK [Working Paper Nº 59] Department for Work and Pension, London.
Dias, M., &Varejão, J. (2012). Estudo de avaliação das políticas activas de emprego (Relatório Final/2012), Porto 2012
MINISTÉRIO DE TRABALHO. Proposta de Política de Emprego, 2016.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Conselho de Ministros. Estratégia de Emprego e Formação Profissional em Moçambique 2006 – 2015, 2005.

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