A
internacionalizaçãodas empresas é um fenómeno que ganhou uma acentuada apelação
no final da II Guerra Mundial. O Plano Marshall foi de grande importância para
essa internacionalização pois finda a guerra houve necessidade de se reconstruir
as cidades devastadas, sendo maioritariamente um investimento americano,
evidenciando um declínio daquilo que era o investimento europeu. De salientar
que neste mesmo período (década 50), verifica-se um grande marco na historia
das multinacionais, a criação da Comunidade Económica Europeia. Com o intuito
de eliminar as barreiras alfandegarias e restrições administrativas ao comercio
transatlântico cria-se o GATT que mais tarde transformou-se ma Organização
Mundial do Comercio (OMC).
Falar
de internacionalização das empresas é também falar de globalização, então o que
será globalização. Segundo o FMI, globalização é a crescente interdependência
económica dos países em todo o mundo, verificado pelo grande volume de transa
coes internacionais de bens e serviços. Na globalização são trazidas a interdependência
e a complementaridade como elementos chave para o sucesso.
Num ambiente de globalização
verificam-se como consequências; o aumento exponencial da concorrência,
fazendo-se valer a lei da selva”que vivam os mais fortes”; leva a deslocação de
mão-de-obra de um país para o outro com custos relativamente mais baixos; leva
a choques entre empresas internacionais; e na diminuição do pessoal resultado
da substituição pelos meios tecnológicos.
Segundo Jack Welch, a globalização
passa por três estágios:
1ª.
Globalização dos mercados – liberdade de compra
e venda nos mercados à sua escolha;
2ª.
Globalização das fontes–comprar de
matéria-prima e produzir onde for mais vantajoso;
3ª.Globalização
do capital intelectual – busca pelos melhores
onde estiverem;
O facto de uma empresa estar em
muitos países leva a tensões sobre a forma de gestão, surgindo assim conflito
entre as forças universais e particulares, que as permitem resguardar a sua
matriz cultural, e ao mesmo tempo ajustar-se à realidade local.
Olhando para o relacionamento entre
as subsidiarias e a empresa mãe no inicio, nota-se uma cadeia de comando e
controlo e que as subsidiarias possuem baixo grau de autonomia, situação que
começou a modificar-se nas décadas 70-80, por vários factores como é o caso de
que as condições locais eram um factor de sucesso crucial; mudando então para
um novo modelo de multinacionais adoptado um modelo transnacional, predominante
ate hoje.
O
antigo modelo ”multinacional” procura impor a cultura e o tipo de gestão da
sede nas filiais, passando então ao novo modelo em que o papel da sede passa a
ser de coordenar e difundir as melhores praticas de gestão e as filiais
encorajadas a trabalhar em rede e a criar sinergias, trazendo desta forma uma
nova abordagem na maneira de gerir as pessoas, dando também maior relevância
aos aspectos soft da gestão como: a
orientação estratégica, a liderança, a comunicação, o desenvolvimento pessoal e
a orientação para os clientes.
Internacionalização
das empresas portuguesas
Estas empresas começaram a ganhar
maior expressão há 15 anos. A decisão deinternacionalização deve basear-se em
estudos aprofundados acerca do mercado do país onde se pretende investir. As
empresas portuguesas que pretendiam expandir viam a dimensão e as limitações do
mercado nacional como um entrave, passando a ver a questão de internacionalização
como condição de sobrevivência devido a crise da divida soberana, dada a retenção
do capital domestico.
As empresas internacionais
procuravam primeiro entrar em mercados como menos concorrência, ganhar o mesmo
em ternos financeiros e só depois penetrar em mercados mais desenvolvidos. Nos
mercados internacionais tal como em qualquer outro sempre existira a cooperação
(parcerias) e a competição (concorrência), o que transmite um grau de risco e
investimento diferente.
A
cultura nacional e o estilo de gestão faz com que a forma de gerir as pessoas
não seja idêntica nos diferentes países, obrigando dai a adoptar diferentes
mecanismos no recrutamento e selecção, na formação e na gestão de carreiras.
Gestão
de RH em empresas internacionais
A cultura nacional confere a identidade
de uma nação o que a diferencia das outras, esta cultura esta condenada a
desaprazer. Trazem-nos duas teses opostas sobre a matéria:
Convergência
cultural:homogeneização de hábitos e costumes de
diferentes partes do mundo;
Relativismo:
os povos mantêm intacta a sua matriz cultural e sua programação mental,
mantendo seus hábitos e costumes apesar a uniformização dos mesmos. Sendo esta
a ser vincada como a mais correcta pelo facto de as pessoas usarem a religião
como identidade.
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f
Se as multinacionais pretendem
sobreviver e prosperar devem adoptar a cultura nacional dos países de
acolhimento. Dois grandes especialistas procuram identificar os traços que
diferenciam culturas nacionais das empresariais. São eles GeertHofstede, que
identificou quatro factores: a distância hierárquica, o grau de individualismo,
de masculinidade e a tolerância à ambiguidade. E FonsTrompenaars, categoriza-as
em três pilares a saber: o relacionamento entre pessoas, a passagem do tempo e
a atitude em relação ao ambiente. Todos estes traços são de grande importância
na negociação ou fecho de negócios.As culturas nacionais originam estilos de gestão
diferentes, que se traduzem em atitudes e comportamentos dos membros da empresa
e formas próprias de gerir as mesmas.
A
diversidade é o que caracteriza as sociedades actuais, e implica para as
empresas a capacidade de integrar harmoniosamente as pessoas com hábitos e
costumes distintos. A diversidade é vista como um mecanismo de integração das
minorias e de igualdade de oportunidades e traz consigo algumas adversidades,
como e o caso da incompreensão e intolerância, mas também confere oportunidades
como o enriquecimento na qualidade das soluções, pois permite um olhar sob
ópticas diferentes e assegura que o modelo de negócio seja compatível com a
realidade local.
A
integração de pessoas de diferentes tem varias vantagens pois o conhecimento do
mercado local permite a produção de bens e serviços de que o mercado precisa.
Para o preenchimento de cargos dirigentes nas subsidiárias tem se escolhido
pessoas com culturas e formas de pensar diferentes, ou seja, gestores locais, e
não como antigamente em que os cargos de maior relevo eram ocupados por
nacionais da empresa-mãe. No modelo multinacional, os expatriados ocupavam os
cargos de gestão global na fase de arranque e criavam planos para a sucessão de
gestores locais para o preenchimento dessas posições com vista ao
desenvolvimento das competências.
Mobilidade
geográfica dos quadros
Esta mobilidade pode assumir a
forma de deslocação temporária ou expatriação.
A
deslocação temporária tem como características: o trabalho fora de seu local de
trabalho habitual não exceda seis meses e o colaborador não perde direito ao
cargo de origem. Esta deslocação, muita das vezes é para resolver problemas, e
a empresa responsabiliza-se pela remuneração de todos direitos e despesas da deslocação.
O
período da expatriação é de três anos, mantendo-se o vínculo com a empresa de
origem, em que a empresa de destino para além de pagar todos os seus directos e
despesas de expatriaçãodevem transferir a relação hierárquica (manter o cargo).
De salientar que o funcionário internacional é um nómada, pois desempenha as
suas actividades onde for de interesse da empresa-mãe. A carreira internacional
de um colaborador é vista como desgastante e que necessita de uma reforma mais
cedo.
Três
são as razões para a expatriação: para o preenchimento de cargos dirigentes ou de
elevado grau de especialização- a mais comum na fase de arranquem; para o
desenvolvimento pessoal e profissional; e para o ingresso numa carreira internacional.
Para que este expatriação tenha sucesso, tem de ser preparada com antecedência
e cuidado, passando por vários passos como a formação na língua do país de
acolhimento, estudo da cultura, visita exploratória onde pode familiarizar-se
com o novo local e conhecer o país onde passara a viver com o seu agregado
familiar. Um dos aspectos ligados ao insucesso da expatriação é a falta de integração
do cônjuge ou dos filhos.
Gestão
de expatriados
Como
perfil ideal dos expatriados são trazidos os seguintes aspectos não somente
ligados às competências técnicas, mas também os aspectos comportamentais que
são preditoresde sucesso na expatriação: as competências de liderança e de
gestão (conhecimento do negocio, trabalho em equipa e orientação para
resultados), competências comportamentais (adaptabilidade, respeito,
curiosidade intelectual, sensibilidade). Actualmente o expatriado desempenha
duas funções, a de desenvolver o negócio e a de preparar um gestor local para
lhe suceder.
O
contrato de trabalho entre o expatriado e a empresa-mãemantêm-se, já que ele mantém
o vínculo laboral e tem direito ao regresso à empresa de origem. Neste contrato
deve se estipular vários elementos desde o prazo da expatriação, o local de
trabalho, a remuneração e os benefícios, os programas de formação às normas
aplicadas para a inserção deste na empresa-mãe.
Pensava-se
antigamente que uma expatriação rápida pudesse ter colaboradores de elevado
potencial, permitindo uma rápida evolução na carreira no regresso, porem este
pensamento foi abandonado por complicar o processo de avaliação do desempenho.
Daí que se estipulou um período de três anos, permitindo ultrapassar vários
obstáculos como o enfoque em objectivos de curto prazo e não aquisição do real
impacto do desenvolvimento do expatriado. Nota-se que a falta de preparai do
expatriado tem levado a prorrogação do tempo, muita das vezes contra a vontade
do expatriado o que pode causar graves prejuízos. Surge então a renovação do
contrato que obriga sempre o acordo entre as partes.
Se
foi expatriado significa que será repatriado, logo deve ser inserido na empresa
de origem, e este processo de reinserção deve ser feito antes do inicio da expatriação.
Este processo vem acompanhado por uma promoção o que representa uma dificuldade,
surgindo desta a seguinte questão: devera o expatriado ser despromovido no
regresso? São então trazidas duas regras na reinserção do expatriado: 1. Que se
respeite a senioridade adquirida. 2. Que o cargo de reinserção faca bom uso das
competências adquiridas.
Ilusão
é pensar que é possível ter duas vidas, uma pessoal e outra profissional. Estas
fazem parte de seu ser, isso significa que quem tem problemas pessoas terá
baixos rendimentos, questõesestas que devem ser extintas entre a empresa mãe e
o expatriado.
O facto de um casal ter carreiras
diferentes faz com um tenha que abdicar da sua carreira no momento da expatriação,
ou desistir da viajem. E a separação nesse pedido pode levar a divórcios. A educação
das crianças enfrenta a língua como um obstáculo, o que leva os expatriados a
deixa-los no país de origem sendo prejudicial se as crianças possuírem idade
que necessite de acompanhamento dos pais.
Tudo isto demonstra que a expatriação
pesa mais à sua família que a ao próprio, o cônjuge enfrenta dificuldades para
adquirir um novo emprego enão consegue lidar com uma vida de ociosidade.
Entrando assim a empresa mãe a desempenhar um importante papel dando ápio ao
cônjuge, organizando programas de acompanhamento e integração para sua família.
Facto é, se não existir um equilíbrio familiar saudável o desempenho deste
expatriado será fraco.
Sistemas de gestão de
RH em situação de expatriação
Quando
um quadro é expatriado a primeira questão é saber se o salário base é
determinado de acordo com a tabela salarial da empresa mãe (home base pay)ou da subsidiária para
onde vai trabalhar (bost base pay).
Ambas devem garantir que o expatriado tenha um nível de vida estável. Quando se
baseia na tabela da empresa mãe abarca consigo a vantagem de facilitar a reintegração
porem haverá uma diferença salarial entre este e os da subsidiária; e quando é
a tabela da subsidiária assegura que haja uma harmonia salarial na mesma, sendo
o bost base pay a ser adoptado pelas
empresas. O salário base é complementado por vários subsídios, que são mantidos
durante o período de expatriação. A remuneração variável vai de acordo com o
desempenho. Os benefícios são destinados a cobrir despesas de saúde, com educação,
habitação, formação, seguro de vida, viatura e passagens.
A
gestão do desempenho deste quadro não se difere da feita a qualquer outro
colaborador, se destacando alguns aspectos críticos de sucesso da sua missão no
estrangeiro, que contribuem para o desenvolvimento do pessoal local, dando
sustentabilidade ao negócio a longo prazo.
O
expatriado quando parte para a nova terra ocorre a perda de contacto com seus
colegas, há uma desactualização do conhecimento acerca do mercado, daí a
necessidade de actualização profissional, para estar a par das novidades
inerentes a sua profissão. Porem aparece aqui um problema, a questão de não
existir tempo para tal devidas as novas funções. Afirmando-se que este é um
aspecto que deve ser negociado entre o expatriado e a empresa mãe antes da expatriação.
Isto com o intuito de que o colaborador mantenha seu perfil de competências
nesse tempo no estrangeiro.
No
âmbito da reinserção do expatriado na empresa mãe há uma maior flexibilidade na
procura de novas oportunidades. O expatriado corre o risco de não ser
reintegrado de acordo com as competências adquiridas no exterior, vendo então
uma desvalorização do seu contributo pela empresa. Como solução é proposto ao
expatriado ocupar o cargo anterior à expatriação, embora seja mal aceite, pois
a pessoa nota que já passou desse estágio profissional. Há regras básicas que
devem ser discutidas na gestão da carreira dos expatriados: estudar e discutir
o assunto com o interessado, no regresso deve-se ter em conta as competências e
experiências acumuladas, considerar a expectativa do expatriado, mate-lo
informado, prepará-lo para o regresso e o mais importante não fazer promessas
sem certeza do seu cumprimento. A má gestão do regresso de um expatriado pode
levar a desmotivação do mesmo e ate mesmo ao abandono da empresa.De salientar
que fez uma expatriação com sucesso tem um perfil mais apetecível para o
mercado, cabendo lutar para manter.
É
necessário ter em conta que o sucesso da expatriação depende do esforço da
empresa me antes durante e no momento de regresso, pois um ambiente novo é
sempre um desafio para qualquer, sendo a preparação para o novo ambiente
crucial, a estadia deve ser a mais natural possível permitindo a sua família
uma vida estável e com acompanhamento para evitar frustrações que podem baixar
o rendimento do expatriado, e por fim garantir que este seja bem reintegrado no
regresso e se sinta útil no âmbito do exercício das experiências e competências
adquiridas no estrangeiro.
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